O eflúvio telógeno crônico se caracteriza por uma troca excessiva de cabelo, em todo couro cabeludo, que persiste por mais de 6 meses.
Este tipo de queda de cabelo pode ser secundário a deficiências nutricionais, distúrbios hormonais, uso de algumas medicações, lupus eritematoso sistêmico, entre outros fatores, que já começaram há mais de 6 meses e não foram tratados. Por isso, uma vez que se suspeite de um eflúvio telógeno, é importante uma investigação através de exames de sangue.
Em muitos casos, porém, não encontramos nenhuma causa aparente nos exames. Nestes casos, estamos diante do eflúvio telógeno crônico primário ou idiopático, ou seja, de causa desconhecida.
No eflúvio telógeno crônico primário, há uma mudança no ciclo do cabelo, na qual a fase de crescimento do cabelo é encurtada, trocando o fio de cabelo com mais frequência.
Ao invés de o fio crescer 4 a 6 anos antes de cair, ele passa a cair com apenas 6 meses a 1 ano.
Então o fio cresce um pouco e já cai, cresce um pouco e já cai, não conseguindo mais alcançar o comprimento original.
A maioria dos pacientes acometidos por esta condição são mulheres, entre 30 e 50 anos.
A história do eflúvio telógeno crônico geralmente é a de uma mulher que tinha um bom crescimento de cabelo, e, a partir de determinado momento, passa a perceber uma maior quantidade de fios caindo por dia.
Essa troca aumentada de cabelo pode ser constante, ou seja, o cabelo está sempre caindo muito, mas com períodos em que ele cai ainda mais. Ou pode ser uma queda intermitente, na qual a paciente passa por períodos de queda aumentada e períodos de queda normal.
A mulher também costuma perceber que o volume do cabelo da orelha para baixo reduziu bastante, ficando com o cabelo cada vez mais minguado a partir dessa altura e, assim, o cabelo vai perdendo a forma.
O cabelo não consegue recuperar o volume no seu comprimento, porque, quando ele está começando a se recuperar, já vem outro episódio de troca de fios.
É comum também o relato de que as tranças e o rabo de cavalo diminuíram muito: ela costumava dar duas voltas no elástico e agora tem que dar 4, por exemplo
É frequente também as pacientes perceberem uma menor densidade capilar nas “entradas”, e, às vezes, também a linha da frente do cabelo fica mais rala, mas, o topo da cabeça costuma continuar com muito cabelo, se a paciente não tiver calvície associada.
O topo do cabelo não fica muito visível, pois, quando um fio cai, já existe um fiozinho novo para substituílo.
Quando estes fiozinhos vão crescendo, começam a ser percebidos vários fios curtos espetadinhos no topo da cabeça, como na foto abaixo:
Há relatos de melhora espontânea de eflúvio telógeno crônico primário após 3 a 4 anos, mas há também casos em que ele dura 10 anos ou mais. Ou seja, sua duração é imprevisível.
E, como a causa desconhecida, o que nós procuramos regular é o seu mecanismo, que é o encurtamento da fase de crescimento do cabelo. Então nós utilizamos a medicação que tem mais evidência em aumentar esta fase de crescimento, que é o minoxidil.
O tratamento não tem, então, um prazo para acabar.
Para as pacientes que não desejam manter o tratamento a longo prazo, existe a opção de utilizar o tratamento por no mínimo dois anos. Neste caso, vamos desmamando a medicação lentamente para tentar minimizar um eflúvio de parada do minoxidil, mas, mesmo assim, pode haver uma queda importante, após parar a medicação, porque vários fios que estavam sendo mantidos em fase de crescimento pelo minoxidil, passam juntos para fase de queda.
Ou seja, o ideal é usar o medicamento continuamente, exceto quando contraindicado, como na tentativa de gravidez, durante a gravidez e outras situações de contraindicação.
Não costumamos indicar estes procedimentos para o eflúvio telógeno crônico (ETC) pelos seguintes motivos:
Com o tratamento, buscamos uma redução da quantidade de cabelo que cai diariamente. A diminuição da queda costuma a ser vista a partir do quarto mês de tratamento, momento em que as entradas começam a ficar menos aparentes.
Buscamos também diminuir o número de novos episódios de aumento de queda, mas não segura novos episódios em 100% dos casos. Além disso, não podemos impedir que gatilhos desencadeiem eflúvios agudos, como por exemplo, uma infecção, uma cirurgia, uma perda de peso. Estes episódios irão desestabilizar o controle da queda.
Outro objetivo do tratamento é preencher as entradas e ajudar no aumento do comprimento do cabelo, melhorando o volume do cabelo, mas nem sempre se consegue recuperar todo o comprimento que conseguia antigamente.
Pode melhorar até certo comprimento e ser necessária adaptação àquele novo comprimento aderindo a um corte um pouco mais curto do cabelo que o habitual, para não ficar com uma ponta minguada.
Outra coisa importante de lembrar é que o cabelo cresce apenas 1 cm por mês.
Ou seja, tratamento de cabelo exige muita paciência para aguardá-lo atravessar sua fase de queda e depois ir crescendo devagarzinho.
Sim, pode acontecer, pois um mecanismo de ação do minoxidil é pegar folículos que estão fase telógena (preparação para queda) e colocá-los para trocar logo o fio, começando assim um novo ciclo.
O paciente com eflúvio telógeno crônico tem muitos folículos em fase telógena, consequentemente, o minoxidil vai ter muitos folículos para colocar para trocar fio. Então, a princípio, a queda vai piorar, para, no longo prazo, melhorar.
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16 Comentários
Parabéns. Melhor explicação de um problema que tenho, tento explicar para os médicos e não sou compreendida.
Parabéns pelo artigo! Muito completo, fácil de entender e não assusta com informações sensacionalistas.
Melhor explicação que eu li até hoje.
Tenho eflúvio telogeno. Meus cabelos sempre foram fartos e me orgulhava muito dele… O meu caso é crônico e já dura 1 ano … Mas com suas explicações, tive um fio de esperança. Obrigada
Realmente muito bom. Consegui identificar meu problema certinho. Grata.
Tenho queda de cabelo há 27 anos. Fui em vários dermatologistas mas não me davam diagnóstico. Só passavam vitaminas, shampoos e minoxidil mas nunca me falaram que o tratamento seria p sempre, daí parava antes de ver resultado. Há três meses fui diagnosticada com alopécia androgenética. Estou em tratamento com minoxidil. Mas o meu cabelo cai em toda cabeça, porém na coroa é que está bem
ralinhoo, calvo. Tudo indica que tenho alopécia e eflúvio crônico. Agora vou seguir firme no tratamento.
gostei desgostei da explicação, estou passando por esse processo de cabelo.
Parabéns pela explicação, clara objetiva e simples.Muito bom. Me acalmou um pouco
Meu cabelo cai há 28 anos. E ainda tenho alopécia androgenética. Estou em tratamento com minoxidil, finasterida e espironolactona mas nada faz ele parar de cair. Não consegui descobrir a causa deste eflúvio até hoje. Dá um desespero….
Ótima sua explicação. Passei por várias profissionais com tratamentos ineficiente e a última médica, especializada em tricologia indicou númeras sessões de mesoterapia, MMP, suplementos e até corticoide e meu problema agravou. Só agora, depois de 2 anos e de quase perder todo o cabelo encontrei uma médica que receitou o minoxidil oral. Agora é ter paciência pra ver o que vai acontecer
Depois de 18 anos com queda e nunca consegui compreender qual tipo era,e nem resolver,mas agora tudo faz sentido.muito boa a explicação.
Parabéns pela postagem. Muito esclarecedora. Gostaria de saber se o boné ou capacete de led é bom para quem tem eflúvio telogeno crônico.
Olá, Christina! Até o momento, os bonés e capacetes com LED são indicados para alopecia androgenética apenas.
Melhor explicação. Super completa e esclarecedora. Agora sei o que tenho. Cabelo caindo principalmente da orelha pra baixo. Na parte de cima se mantém intacto
Olá,
Finalmente vejo descrito o meu problema que dura há 20 anos. Obrigada!!! O meu cabelo só estabilizou durante as gravidezes e durou até um ano depois dos meus filhos nascerem. Nessa altura cresceu e estava volumoso, depois o pesadelo voltou.
Um tricologista indicou-me dermaroller com aplicação de vitaminas, peptinas, etc e disse-me que minoxidil não era indicado para o meu efluvio telogeno. Eu já fiz minoxidil e não notei grandes melhorias. Qual a sua opinião sobre o tratamento com dermaroller?? Poderá no meu caso fazer sentido?
Obrigada
Olá, Ana! Tudo bem? Dermaroller não é um tratamento para eflúvio telógeno. Em relação o minoxidil, nem todo mundo melhora com minoxidil tópico. Há alguns anos, utilizamos já no Brasil o minoxidil oral com resultados bons em muitos pacientes. Para usar o minoxidil oral é necessário avaliação dermatológica para confirmar o diagnóstico e tem que ser colhido seus histórico de saúde para saber se você pode fazer uso desta medicação por esta via e qual a dose indicada para os eu caso. Recomendo então que você procure na sua cidade ou próximo um dermatologista que tenha uma boa formação em Tricologia para ver o tratamento mais indicado para o seu caso, mas, se for eflúvio mesmo, o tratamento não é com Dermaroller.
Excelente explicação e orientação! Não poderia ser melhor! Super esclarecedora! Agora entendi tudo q está acontecendo comigo.