Botox capilar, alisantes e progressivas

Você já reparou que a maior empresa de cosméticos do mundo, a L’Oréal, nunca fabricou um produto para escova progressiva nem “botox capilar”?

Isso não é por acaso. Apesar da popularidade, esses alisantes apresentam sérios riscos à saúde, e uma empresa renomada como a L’Oréal não colocaria a segurança dos seus consumidores em jogo.

Os únicos alisantes liberados pela ANVISA são: ácido tioglicólico e seus sais (ex: tioglicolato de amônia), ésteres do ácido tioglicólico, guanidina e hidróxido de sódio, de potássio, de cálcio e de lítio.

Estes produtos são usados há muitas décadas e não trazem risco à saúde, exceto na gravidez, quando devem ser evitados devido ao bebê.

O cuidado em relação a estes produtos é em relação aos fios, pois, se aplicados por pessoas inexperientes ou em um cabelo com descoloração, podem causar corte químico.

Nos últimos anos quase não se tem usado mais estes produtos justamente por exigem mais cuidado na aplicação e não combinarem com luzes.

Surgiram então as chamadas escovas progressivas, “botox capilar”, escova inteligente, blindagem, e inúmeros outros nomes inventados para o uso de produtos que precisam de aplicação de uma fonte de calor (escova e/ou chapinha) para fazerem o efeito desejado nos fios.

A L’Oréal fabricava, até pouco tempo atrás, um alisante chamado X-tenso, à base e tioglicolato de amônia (alisante seguro), porém, com a moda das progressivas, a procura por este alisante caiu muito e a empresa parou de vender o alisante X-tenso.

Os alisantes usados nas progressivas/botox capilar costumam conter substâncias como ácido glioxílico, formaldeído e outras substâncias que podem liberar formol.

Estas substâncias podem causar irritações no couro cabeludo, rosto e olhos, e também efeitos mais graves no corpo, como:

• Problemas respiratórios, incluindo irritação no nariz e garganta, e até crises de asma;

• Danos aos rins: o ácido glioxílico, presente em muitos alisantes, pode causar lesões nos rins por meio da formação de cristais de oxalato de cálcio.

Em algumas partes do mundo, já foram relatados casos de mulheres que tiveram dano sério aos rins relacionados a escovas progressivas:

• Maior risco de câncer de mama, útero e ovário: alguns estudos mostram que mulheres que usam alisantes não seguros podem ter risco aumentado desses tipos de câncer. Isso pode estar relacionado à presença de substâncias químicas que interferem nos hormônios, como ftalatos e parabeno ou à própria substância alisante principal.

• Puberdade precoce e menor fertilidade: essas mesmas substâncias podem afetar o desenvolvimento hormonal, levando à puberdade precoce e diminuindo a fertilidade. Há indícios de que a idade em que a pessoa começa a usar esses produtos e a frequência de uso podem influenciar nesses efeitos.

É fundamental que a população saiba dos riscos desses alisantes não liberados pela ANVISA, pois ainda é muito comum ouvir afirmações perigosas como: “Tal escova progressiva é liberada até para grávidas” ou “Botox capilar até criança pode usar”, quando, na verdade, estes produtos não são seguros para ninguém.

Dicas para alisar o cabelo com mais segurança:

• Aminoácido, ureia e queratina não têm poder de alisar ou reduzir o volume do cabelo. Peça para o cabeleireiro informar qual é a substância alisante usada e verifique no site da ANVISA se ela está aprovada para esse fim. Use o número de processo que consta no rótulo do produto para fazer a consulta através deste link:

https://consultas.anvisa.gov.br/#/cosmeticos/registrados

• Fique atento a produtos vendidos como alisantes que não têm autorização da ANVISA para isso. Para ser comercializado como alisante, um produto precisa comprovar sua segurança e ser classificado como cosmético de grau 2. É muito comum produtos registrados como condicionadores ou máscaras (que são cosméticos de grau 1) serem vendidos indevidamente como alisantes.

E se eu decidir assumir os riscos destes alisantes não seguros?

Se você decidir usar um alisante que não é aprovado pela ANVISA, tente minimizar os riscos: limite ao máximo a frequência de uso, peça para ficar em ambiente externo do salão ou pelo menos perto de uma janela aberta para o vapor sair, e mantenha seus exames médicos em dia — inclusive os ginecológicos.

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